BANCO TUPINAMBÁ

Em agosto de 2008 algumas lideranças comunitárias da Baía do Sol foram até Fortaleza - CE conhecer a experiência do Banco Palmas (primeiro banco comunitário do Brasil), que conseguiu transformar a favela do Conjunto Palmeira, em um bairro popular com grande vigor econômico. No mesmo ano fizemos uma parceria com o Banco Palmas que nos ajudou a criar o nosso próprio banco comunitário.

Em janeiro de 2009, a Associação Cultural FM Tupinambá (em Belém) criou o Banco Tupinambá, uma rede de solidariedade entre produtores e consumidores. A ideia é de implantar programas e projetos de trabalho e geração de renda, utilizando sistemas econômicos solidários, na perspectiva de superação da pobreza urbana local.

O Banco Tupinambá é um projeto social de finanças solidárias voltadas para o empreendedorismo e inclusão bancária da comunidade da Baia do Sol – Mosqueiro – Belém – Amazônia, comunidade distante 70 km da capital Belém. Nossa estratégia foi deslocar o centro econômico que ficava 30 km da Baia do Sol, para dentro da nossa comunidade fazendo com que os moradores começassem a vender e comprar dentro do bairro.

Temos a visão que não existem comunidades pobres e sim comunidades empobrecidas por comprarem fora do seu bairro, geralmente em grandes centros econômicos com a presença de bancos tradicionais. Como estratégia para concentrarmos as compras dentro da comunidade, desenvolvemos uma moeda própria: Moqueio - que circula e é aceita apenas dentro do bairro da Baia do Sol. Outra estratégia e que o Banco Tupinambá é correspondente da Caixa Econômica, com isso realizamos pagamentos de boletos, Benefícios Sociais, INSS além de depósitos e sagues, serviços que facilitam a vida dos moradores.

No inicio do projeto o consumo interno figurava em torno de 2%, hoje passa dos 96%, a moeda social foi pouco a pouco sendo inserida na vida das pessoas, e hoje e responsável pela extinção do fiado nos empreendimentos.

Os Bancos Comunitários são serviços financeiros, solidários, em rede, de natureza associativa e comunitária, destinados a reorganizar as finanças locais, na perspectiva da economia solidária. A natureza associativa e comunitária porque a propriedade de cada banco é de uma organização social local (uma associação de moradores, um assentamento, um grupo de mulheres); trabalham em rede porque organizam as pessoas daquele município, daquele bairro, para comprarem e produzirem em função um do outro; são solidários porque para a pessoa ter acesso ao banco o que influencia não é o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), a Serasa, e sim a vizinhança, que vai falar se a pessoa é honesta ou não; e tem a perspectiva de gerar trabalho e renda.

Os Bancos Comunitários funcionam investindo crédito para a produção local de gêneros de primeira necessidade e também para o consumo desses produtores locais. Por isso que crédito de consumo é feito em moeda social. Cada banco comunitário tem uma moeda social própria, que circula ali na comunidade, naquele município, naquele bairro, gerando um comércio local, fazendo com que a riqueza circule na própria redondeza e com que as pessoas não dependam do mercado externo, mas passem a comprar e produzir localmente. Isso é o que a gente chama de uma rede de "prossumidores" (produtores + consumidores), um conceito que diz que um ser humano vivo é ao mesmo tempo produtor e consumidor. Então, todo dia, de alguma forma, à produção e consumo. O que é preciso é fazer com que as pessoas produzam e consumam uma das outras no município.

Todo esse desenvolvimento já e sentido na comunidade, contudo a classe mais envolvida são os empreendedores que já possuem algum tipo de negocio ou serviço e são potencializados pelo banco comunitário. Outro beneficio direto do banco comunitário, foi o facilitamento do acesso aos serviços, como pagamento de boletos, contas em geral e principalmente o recebimento na própria comunidade de benefícios como: aposentadorias, bolsa família etc, serviços que anteriormente só eram disponíveis apenas na Vila de Mosqueiro.

O Banco Tupinambá foi o primeiro banco comunitário da região norte, e foi o trigésimo quarto do total de oitenta bancos no Brasil. Os bancos comunitários têm estruturas semelhantes em todo o Brasil. É gerido localmente pelo Instituto Tupinambá, conhecido por sua sigla I.T, e que possui a maioria da equipe voluntária. A missão do Banco é implementar projetos de trabalho e geração de renda através de sistemas de economia solidária primariamente focada na superação da pobreza urbana e rural. O objetivo é garantir microcréditos para produção e consumo local, com taxas de juros mínimos e sem requisitos para inscrição, comprovante de renda, ou fiador (a confiabilidade do tomador é garantida por vizinhos). A missão é também para fornecer acesso a serviços bancários para os moradores das comunidades mais pobres, que normalmente não teriam acesso a eles nos bancos tradicionais, com base na falta de histórico de crédito ou de garantia financeira e / ou distância física.



Primeiras ações na comunidade

O banco começou com apenas 15 clientes e possuindo como lastro inicial R$ 2.000,00. Atualmente, o banco possui uma carteira de 20 mil reais. A moeda social é o Moqueio é indexada ao real, ou seja 1 Moqueio é igual a 1 Real, dessa forma, a quantidade de Moqueios que circula no bairro é exatamente a quantidade de Reais acumulada no branco. 97 empreendimentos (produção, comércio e serviço) locais aceitam a moeda e dão descontos para estimular seu uso. Os empreendimentos cadastrados podem fazer o câmbio no Banco Tupinambá em caso de necessidades de estoques.

Objetivos do Banco Comunitário
  • Implantar programas e projetos de trabalho e geração de renda, utilizando sistemas econômicos solidários, na perspectiva de superação da pobreza urbana;
  • Garantir microcréditos para produção e consumo local, a juros muito baixos, sem exigência de consultas cadastrais, comprovação de renda nem fiador;
  • Manter a riqueza produzida pelo bairro no próprio bairro, por aceitar a compra e a venda com a moeda local.
Ações
  • Realização de 31.655 de transações pelo correspondente bancário, e realização da gestão de quase três milhões de reais;
  • Realização de cursos, oficinas e palestras para os moradores do bairro e para outros locais, estimulando a rede solidária de economia;
  • Os participantes do Banco Tupinambá moram melhor: tendem a ter um melhor acesso às informações difundidas no bairro, ser mais participativo nas atividades da comunidade (como fórum dos empreendedores), confiar mais na comunidade, caracterizando a existência de um maior capital social entre seus membros;
  • Auxílio na criação de outros Bancos Comunitários na região norte do País a partir do sucesso do Banco Tupinambá;
  • Integra a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, com a articulação de todos os Bancos Comunitários do Brasil, na qual todos os bancos prestam contas de suas atividades durante o Encontro Nacional da Rede de Bancos Comunitários;
  • Atualmente, existem 103 Bancos Comunitários no Brasil.

2 comentários:

  1. Banco Tupinambá: Como faço pra ser o 104 que atenda a área do esporte www.projetofeeemasc.wixsite.com/guip

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  2. Como posso adiquirir empréstimo para ampliar minha empresa

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